Dicas
03 set 2018

Arte de carnaúba em destaque na A Casa, Museu do Objeto Brasileiro

Exposição inédita mostra o trabalho com palha de carnaúba de artesãs que convivem com a seca

Mostra “A Casa AMA Carnaúba” é uma parceria entre a água AMA e A CASA museu do objeto brasileiro; Projeto começou com o acesso à água em comunidades do semiárido e busca o desenvolvimento da região

Arte de carnaúba em destaque na A Casa, Museu do Objeto Brasileiro

O talento de artesãs que trançam com maestria a palha de carnaúba, árvore nativa do semiárido, será apresentado na exposição A Casa AMA Carnaúba, a partir de 5 de setembro, em São Paulo. Bolsas, mesas, luminárias, pufes, cestos, tapetes e outros objetos exclusivos são feitos manualmente pelas moradoras do Vale do Jaguaribe, a cerca de 180 quilômetros de Fortaleza, Ceará. A exposição é uma parceria da A CASA museu do objeto brasileiro com AMA, água mineral que investe todo seu lucro para levar água às famílias do semiárido e ajudar no desenvolvimento da região.

Capacitação de artesãs

No início de 2018, AMA e A CASA começaram um trabalho de capacitação e inovação do artesanato feito com palha de carnaúba com cerca de 90 artesãs em Sítio Volta, Sítio Caiçara e Santa Luzia, além das cidades vizinhas Itaiçaba e Palhano. Sítio Volta e Sítio Caiçara, no município de Jaguaruana foram as primeiras comunidades atendidas por AMA. Por lá, a marca de água construiu poços profundos e sistemas de distribuição de água gerados por energia solar. No trabalho de capacitação, as artesãs aprenderam sobre processo de criação e precificação das peças e participaram de oficinas de trançado, tingimento e costura.

A parceria com A CASA ajudou a aprimorar o artesanato típico do semiárido e garantir um valor agregado maior para as peças vendidas. Há mais de 20 anos o museu paulista promove o artesanato brasileiro com exposições e ações em diferentes comunidades, compartilha conhecimento e, principalmente, valoriza a diversidade de técnicas tradicionais encontradas em cada região do país. O museu convida designers de artesanato que trazem a produção artesanal tradicional para o contemporâneo, mas sem que haja alterações nas técnicas já dominadas pelo artesão.

Novas criações, mesmo talento

O designer de artesanato Renato Imbroisi, que trabalha há 30 anos com comunidades, cooperativas e associações, assina a curadoria do projeto. A coordenação é de Eliane Guglieme e a supervisão de Renata Mellão, diretora geral d’A CASA. “O que mais me surpreendeu nesse projeto foi o envolvimento da comunidade e o potencial de transformação local que pudemos proporcionar a eles”, revela Renata. Desde o início do ano, o trio uniu-se às designers Liana Bloisi, Cristiana Pereira Barreto, Lui Lo Pumo e Tina Moura, e ao mestre-artesão João de Fibra. Nos últimos meses, o grupo trabalhou com as artesãs para que as peças fossem produzidas com novas cores, diferentes tipos de trançado, grafismos e maior variedade de produtos.

“Em alguns desses locais, as artesãs restringiam sua produção a chapéus e vassouras. A partir desse trabalho, em pouquíssimo tempo, elas se aperfeiçoaram e expandiram sua produção, multiplicando sua cartela de produtos e, consequentemente, seus retornos”, completa o curador Renato Imbroisi.

Com o trabalho nas cinco comunidades, o projeto proporcionou a troca de saberes e experiências entre os pequenos povoados. Cada uma delas ficou responsável por coleções específicas. Enquanto algumas produziram peças com a fibra natural para a fabricação de bolsas, mesas e bancos, outras especializaram-se na criação de cestos, de diferentes tamanhos e modelos. Já as artesãs de Itaiçaba e Palhano criaram produtos feitos com palha de carnaúba tingida: são luminárias, pufes, cestos, tapetes e esteiras de cores vivas. Todas as peças estarão à venda na exposição.

Todo o projeto, desde a capacitação das artesãs até os objetos da mostra, está registrado no livro A CASA AMA Carnaúba, que também estará disponível no museu.

A Carnaúba
A carnaúba é símbolo de resistência e longevidade. A árvore é nativa do bioma caatinga e consegue se adaptar ao clima semiárido da região por suas raízes profundas. Dela se aproveita tudo: folhas, tronco e raiz. Sua madeira é utilizada na construção de casas e algumas peças de marcenaria; suas raízes, segundo a cultura popular, tem propriedades medicinais.

Das folhas, além da palha que é utilizada para o artesanato, extrai-se a cera de carnaúba, matéria-prima utilizada na composição de produtos para polimento, lubrificantes, vernizes, tinturas e cosméticos. Esse tesouro nordestino é, ademais, sustentável: todos os possíveis processos de utilização de seus recursos não são agressivos ao meio ambiente e as árvores preservam o solo contra a erosão.

Sobre o museu 
Há mais de 20 anos, A CASA museu do objeto brasileiro realiza projetos junto a comunidades e associações de artesãos de várias regiões do País. A instituição, que não possui fins lucrativos, tem como missão o reconhecimento, a valorização e o desenvolvimento da produção artesanal e do design brasileiro. Com o objetivo de preservar a memória cultural desses ofícios e preservar técnicas únicas, o museu busca transmitir e multiplicar as tradições de cada região e, consequentemente, gerar rendas às comunidades.

Vamos começar a valorizar mais nossos museus e visitar com mais frequência? Fica a sugestão para ir já essa semana!

Serviço
A CASA AMA Carnaúba
Abertura: 5 de setembro de 2018, às 19h
Visitação: de 6 de setembro a 4 de novembro de 2018
Endereço: Avenida Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros, São Paulo, SP
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h30

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1 comentário
  1. Avemaria! Eu vi umas sacolas e cestos de palha em Fortaleza que fiquei apaixonadona. Pena que não deu pra comprar :(

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