Nem só o rolar acelerado de dedo e as legendas curtas ou inexistentes fazem parte das ações do universo criado pelas redes sociais. Entre lançamentos de marcas, novas tendências de homewear e uma centena de reels com dicas de como emplacar nessa própria rede que você circula, um assunto começou a despontar e ganhar força lindamente: o livro da vez.
Com todos mais reclusos às suas casas ou viagens intimistas, a companhia do livro ressurgiu e se fez presente como objeto de desejo entre as @. Contrariamente ao que se via em rede, onde a legenda vai sendo substituída por áudios acelerados ou palavras-chave sobre vídeos que marcam o compasso, a recomendação de leituras profundas e discussões sobre autores surge como um respiro. E a aparição não veio em casos isolados: os clubes de livros pipocaram entre os mais diferentes nichos digitais, as assinaturas de livro se tornaram mais recorrentes e agora, as lives ainda passaram a ser palco para encontros entre leitores e trocas sobre impressões do livro escolhido do mês.
Tem forma mais incrível de se presenciar o poder do grupo para uma boa influência? Perfis com audiências massivas puderam adentrar a uma nova e antes não desbravada faceta para seus espectadores: o livro que estava na sua bolsa ou cabeceira naquele momento. Quais trechos o faziam refletir durante a manhã? Que capítulo o relembrava um episódio em sua vida? O que o autor traçava de relações com o momento atual? E as impressões que saíam do universo online e cruzavam as fronteiras (nada distantes, vejam!) em direção às palavras escritas no papel seriam capazes de provocar verdadeiras reverberações: comentários efusivos sobre a compra de um novo título, a recomendação de mais um, a troca de ideias sobre a mesma impressão, o complemento com um outro autor ou a comparação com o pensamento em uma série ou filme.
Você já chegou a se deliciar lendo esse bate-papo entre @ em alguma publicação sobre leitura? Recomendo.
Foi assim, que o #livrododia ganhou o digital. Perfis já destinados a resenhas e recomendações de leituras cresceram e ganharam espaço e outros muitos que nada tinham relação com esse segmento, passaram a tratar o assunto com a mesma frequência que o ritual de skincare ou uma nova tendência da decoração à moda. A leitura retomava um lugar no online e convidava a uma pausa, olha só, desse espaço frenético que passou a abordá-la. A pausa que incentiva o compartilhar e o compartilhar que incentiva a pausa. E dessa forma, um equilíbrio de trocas de argumentos e novas ideias podem ser alimentadas, com novas fontes e olhares para diferentes temas.
E se o grupo tem a chance de estimular a leitura individual, essa nova energia é capaz de mostrar novos hábitos e valores, adentrar a assuntos diversos e ir permitindo que por meio dos livros da vez que surgem e se repetem e ganham # e destaques, importantes discussões venham à tona. E junto com suas páginas e pausas, mais tempo para a reflexão sobre os mesmos e conhecimento mais aprofundado por parte de quem topou o convite e passou a se interessar por essa mídia. Aquela que pode ter ficado deixada de lado por um tempo em que não esteve tão perto dos gadgets da vez. Que pasmem, podem, e agora, caminham lado a lado.
Vai lá:
- @reesesbookclub: mais de dois milhões debatem mensalmente com a atriz Reese Whitherspoon os títulos escolhidos.
- @meucorpoviroupoesia: Bruna Viera do blog foi pro @, do @ foi para o livro e do livro criou um @ – de poesia multimídia.
- #bookshelf: literalmente estante de livro, a # agrupa o que vai sendo publicado por aí e permite passear por diferentes leituras pelo mundo
- Podcasts literários: a plataforma Estante Virtual faz uma seleção de podcasts que precisa conhecer dentro do cenário.
- Bookster: Pedro Pacífico diariamente compartilha resenhas e sua paixão por literatura de forma incentivadora.
- Books da Luli: dos conteúdos de moda para literatura, a influencer Luisa Accorsi mês a mês discute títulos e agrupa leituras em suas listas na Amazon.